Desta vez, a viagem programada com antecedência para curtir as férias do mês de junho na companhia de minha doce Shirley e das filhotas Iamani e Irani, coincidentemente férias escolares delas, não foi iniciada pelo litoral, mas pelo sertão. A intenção era aproveitar ao máximo cada momento com registros de artes diversas, passeios de catamarãs, banhos de rio e mar, visitação de pontos turísticos, além de apreciar os eventos juninos, principalmente em Paulo Afonso (BA) e Caruaru (PE).

Durante 12 dias percorri aproximadamente 3.000 km, passando por rodovias estaduais e federais em ótimas condições e bem sinalizadas. Também procurei de certa forma equilibrar o tempo na direção do carro, com paradas para descansar, fazer lanches e refeições e hospedagens. Em algumas oportunidades tive que sair do roteiro pré-estabelecido e entrar em cidades com significados históricos.

Quanto as crianças, pra não ficarem entediadas, utilizei o recurso de outras vezes: brincadeiras, contação de histórias, atividades lúdicas; dormiram, mas, a solução mesmo foi o tablet ou DVD com filmes infantis. O problema é que ao liberar o uso desses equipamentos, notei a falta de interesse em observar o cenário à nossa volta.

Também incluir no planejamento a reserva de hotéis e pousadas. Na maioria fiz diretamente com os estabelecimentos e, através do website do Booking.com, que sempre utilizo e dispõe de ótimas opções.

No dia 22 de junho (segunda-feira), iniciei a viagem saindo de Santo Amaro (BA-420) até o entroncamento para Belém de Cachoeira. De lá, pela rodovia BA-502, depois de cruzar a rodovia BR-101, passei pela cidade de Conceição de Feira e o município de São Gonçalo dos Campos, até chegar ao bairro do Tomba, em Feira de Santana.

Feira de Santana, conhecida como “Princesa do Sertão”, fica distante da capital 108 km. Está localizada no chamado Polígono das Secas, e é considerada a segunda cidade do estado e a maior do interior nordestino em população. Por encontrar-se no entroncamento com as principais rodovias BR-101, BR-116 e BR-324, possui uma localização estratégica, pois funciona como um ponto de ligação para o tráfego que vem do Sul e do Centro Oeste em direção a Salvador e outras importantes cidades nordestinas.

Evitando passar pela região central da cidade, devido o intenso tráfego urbano, então peguei o acesso ao anel da Avenida Contorno até chegar a perimetral que liga Feira pela BR-324 ao entroncamento da BR-116 (sentido Norte). Nesse trecho é recomendável dirigir com cautela devido o grande fluxo de veículos leves e pesados. Existem estudos para duplicação do trecho.

Fiz o primeiro “pit stop” da viagem no entroncamento para tomarmos um café típico da região, servido com cuscuz, ovos fritos, carne seca, aipim. Uma novidade para as crianças!

Após a parada, reiniciei a viagem pela BR-116 até a cidade de SantaBárbara, que fica à direita da rodovia. Vale à pena parar se tiver tempo. São dezenas de lanchonetes localizadas às margens da rodovia, onde se pode saborear ou comprar o melhor requeijão da Bahia, além de biscoitos avoadores, manteiga de garrafa, carne-de-sol e de bode. Depois de circular pelo centro botei o pé na estrada a caminho de Serrinha, distante 30 km.

A cidade de Serrinha é muito conhecida pela tradicional vaquejada, comemorada no mês de setembro, próximo ao dia 7, feriado nacional da Independência do Brasil. A festa atrai um grande número de visitantes e turistas de várias partes do país.

Saindo de Serrinha em direção a Caldas do Jorro, passei pelas cidades de Teofilândia, Araci e o distrito de Jorrinho, no município de Tucano, que fica localizado a 6 km de Caldas, à margem direita da BR-116. Aí, decidi fazer o segundo “pit stop” e aproveitar para tomarmos um banho na cascata de água morna no centro da praça. O local, com vários bares e restaurantes, é muito frequentado por visitantes e turistas, inclusive quem se hospeda em Caldas do Jorro.

Entre um banho relaxante e outro, aproveitamos para saborear o melhor bode assado da região, especialidade do local, acompanhado de linguiça de bode, farofa e salada a vinagrete.

Fiz uma parada em Caldas de Jorro, porque estava na programação. Minha mulher e as crianças curtiram bastante a cascata existente na praça principal, que jorra água com temperatura média de 48º graus. O clima na praça estava em ritmo de forró (clique aqui e assista o vídeo).

Entre os anos de 1948 e 1949, com a perfuração do solo para encontrar petróleo, o que surgiu foi água quente com 48º graus de temperatura. A partir daí, Caldas do Jorro passou a ser considerado um relevante destino hidrotermal, por conta das suas águas com propriedades terapêuticas e grande poder curativo.

De volta a rodovia, segui até o entroncamento para Euclides da Cunha. Todavia, minha rota não era Euclides da Cunha e nem Tucano e, sim, pegar a BR-410, passar pelo município de Ribeira do Pombal, depois seguir sentido Sul pela BR-110, com destino a cidade de Caldas de Cipó, local de nosso pernoite no hotel e pousada Paiva.

Chegamos ainda em tempo de curtir o final da tarde e início de noite na praça, sem comemoração junina, tomar banho de água morna na cascata, além de degustar espetinhos de carne e linguiça de bode, acompanhado de uma cerveja bem gelada. Aliás, sem a preocupação de está no volante. Entre uma geladinha e outra, recordei que estive naquela cidade e, em duas oportunidades pernoitei no Grande Hotel Caldas Cipó e tomei banho na piscina interna com água quente. Hoje, a imponente arquitetura de estilo clássico, construída na década de 50, que movimentou por algum tempo o turismo na região, atualmente e, lamentavelmente, encontra-se fechado.

Na manhã seguinte, após o café servido com várias iguarias, retomamos a viagem pela rodovia BR-110, sentido Norte, em direção a cidade de Ribeira de Pombal, onde fiz um giro pelo centro. O município tem esse nome em homenagem ao primeiro-ministro do reino de Portugal, Sebastião José de Carvalho e Melo, popularmente conhecido como Marquês de Pombal. Outro fato é ter a sua origem a partir de uma aldeia de índios da tribo Quiriris ou Kiriris.

Alguns minutos depois cheguei à rotatória de acesso a cidade de Cícero Dantas, localizada à esquerda da rodovia e distante do centro dois quilômetros. Depois de fazer um giro e visitar um dos pontos mais altos da cidade, fiz o primeiro pit stop do dia e aproveitamos para fazer um lanche.

Cícero Dantas antigamente era chamado de Bom Conselho. A alteração para denominação atual aconteceu no início do século, em homenagem ao Barão de Jeremoabo que assim se chamava. Um fato curioso é que parte da população mais idosa ainda a trata por Bom Conselho.

Próximo destino foi Santa Brígida, que fica a 100 km do entroncamento da BR-116 com a rodovia BA-305. Depois são mais 13 km até chegar ao centro da cidade. Para ganhar tempo não passei em Jeremoabo, porque a intenção era almoçar em Santa Brígida e reservar um tempo para visitar os pontos turísticos e conhecer um pouco da história do beato Pedro Batista e Madrinha Dodô.

Santa Brígida tem uma cultura religiosa muito forte. As manifestações e as danças de cunhos religiosos inciados e cultuados pelo beato Pedro Batista e Madrinha Dodô, são mantidas até hoje. Pedro Batista era conhecido por sua sabedoria em dar conselhos, efetuar curas e livrar pessoas dos maus-espíritos.

O fato atraiu diversos romeiros ao município, o que o credenciou a cidade ser incluída no Roteiro Turístico e Cultural Religioso Nacional. No imóvel onde está instalado o Memorial de Madrinha Dodô, também funciona, na parte inferior, o Museu Casa Beato Pedro Batista, que sob a responsabilidade de Maria de Lourdes Sá e Edson Manoel Araújo, ambos funcionários da prefeitura.

De Santa Brígida até a rotatória da BR-110/BA-210/BR-423 (sentido Alagoas) percorri 48 km. Depois mais 11 km até chegar a entrada da cidade de Paulo Afonso. Numa parte desse trecho a vista panorâmica é surpreendente: água de um lado e do outro. Inclusive em um desses lados fica a “prainha”, área de laser bem frequentada pelos pauloafonsinos. Só não rolou o banho tão prometido às meninas. Nesse cenário você tem a conviicção de estar na maior ilha fluvial do sertão brasileiro, formada pelas águas do São Francisco, mais conhecido como “Velho Chico”.

Após o check-in no hotel e pousada Porthal da Ilha, apesar do tempo chuvoso, deu pra fazer um giro pela cidade. Pela noite fomos curtir a festa de “São João da praça”, na Praça das Mangueiras, local onde foi montado um cenário retratando uma cidade do interior, com várias barracas vendendo comidas e bebidas típicas.

Depois de assistirmos o trio tocando forró pé de serra e o show da quadrilha junina Carcará do bairro Centenário (clique aqui e assista o video), foi a vez da apresentação do cantor Ruben Brasil no palco central.

Enquanto isso, aproveitamos o momento pra comemorar o sucesso da primeira fase dessa viagem saboreando um apetitoso jantar à base do prato típico da região.

Uma dica: O visitante ou turista do estado da Bahia, que estiver em Paulo Afonso, pode aproveitar uma das vantagens geográficas, que é a sua proximidade com várias capitais do nordeste, como por exemplo: Aracaju 280 km; Maceió 320 km e; Recife 380 km.

(Fotos: byJFParanaguá e Irani Paranaguá. Denuncie abusos. Direitos reservados).