Giro pela Europa: Um olhar sobre o grafite – Verona e Modena/Maranello

Única intervenção capturada entre Verona e Modena

Única intervenção capturada entre Verona e Modena

Hoje trago notícias de Verona, conhecida mundialmente como a cidade de *Romeo e Giulietta*, do famoso romance do escritor William Shakespeare e um dos pontos turísticos mais visitados da cidade. Dados históricos relatam que Verona foi fundada pelos Celtas e posteriormente incorporada ao reino da Itália em 1866, com a terceira guerra da independência italiana. Está cercada pelo rio Ádige de um lado e do outro pelas colinas. Escrevo também a respeito da rápida passagem por Modena – cidade histórica e universitária, localizada em uma região chamada Emília-Romagna -, onde residem os nossos amigos Valter e Davide Diacci, pai e filho respectivamente,  e a casa da Ferrari em Maranello. (Fotos: byJFParanaguá. Direitos reservados. Denuncie abusos).

 

Vista panorâmica da muralha fortificada

Vista panorâmica da muralha fortificada

Verona é segunda maior cidade da região do Vêneto, depois de Veneza, e segunda maior sede de ruínas romanas na Itália, depois de Roma. A Arena, por exemplo, é um monumento dos mais conservados do período romano, data do séc. I a. C, e um dos maiores anfiteatros romanos do mundo, local de realizações de grandes espetáculos. Antigamente esse Coliseu – não achei tão majestoso como o de Roma – com arquitetura fortemente influenciada pelo estilo grego, foi palco de animais ferozes devorando presos e lutas de gladiadores e no ano de 1117 ocorreu um terremoto que quase destruiu o anel exterior.

Quando chegamos a Verona, primeira providência foi encontrar um “Parcheggio” (estacionamento), próximo aos imensos portões que dão acesso a Piazza Bra. Como já estava no final da manhã,  aproveitamos para almoçar numa trattoria, da qual não me recordo o nome. Assim teríamos condições de fazer  o roteiro programado com mais tranqüilidade.

Portões da muralha

Portões da muralha

Do portão da antiga muralha fortificada, avistei a Arena localizada na Piazza Bra, ponto de partida para descobrir Verona a pé, o que muitos turistas fazem naturalmente. 

Arena: um dos cartões postais veronense

Arena: um dos cartões postais veronense

 Enquanto o grupo estava na Piazza Bra, aproveitei para circular pela redondeza, tirar fotos de vários ângulos da Arena, fachadas, posar com modelos veronenses vestidos com trajes típicos. Até entrei por curiosidade na loja da Louis Vuitton, porém não comprei absolutamente nada. Tudo muito caro!

Este blogueiro entre o casal de modelos na Piazza Bra

Este blogueiro entre o casal de modelos na Piazza Bra

Turistas de toda parte do planeta

Turistas de toda parte do planeta

Continuamos a nossa incursão a pé em direção a Casa de Giulietta, caminhando por ruas estreitas, movimentadas e com várias lojas de griffe. No local, supostamente viveu a família que baseou o romance de Shakespeare. É uma residência do estilo medieval com um portal que data do séc. XIII.

Mensagens diversas afixadas na parede

Casa de Giuliettta: mensagens diversas afixadas na fachada, portões e paredes

 

"Tucunaré" deixa sua marca na parede

"Tucunaré" deixa sua marca na parede

No portão de entrada tem diversos cadeados com nomes – isso é muito comum na Itália -, e nas paredes externas e internas, várias mensagens com frases, nomes e declarações de amor grudadas com goma de mascar (chiclete). Essa prática, segundo informações, está com os dias contados ou já foi posta em prática pelas autoridades. Deixei também a minha mensagem, mas fiz uso de uma caneta como outros fizeram.

Estátua de Giulietta: fugi à regra

Estátua de Giulietta: "não segui a tradição"

No jardim, onde se encontra a estátua de Giulietta, observei que além do ritual da foto tirada ao lado da estátua, alguns visitantes, principalmente jovens, curtem passar a mão no seio direito que está descoberto. Segundo a tradição o ato é para encontrar o verdadeiro amor.

Deste balcão, supostamente, Giulietta declarou-se ao seu amado Romeu

Deste balcão, supostamente, Giulietta declarou-se ao seu amado Romeu

Na parte superior do imóvel, virada para o jardim está o balcão da casa em que a jovem Giulietta Capuleto, debruçada, ofereceu ao seu amado, Romeu Montecchio, a máxima prova de amor: “Romeu! Por que tu és Romeu? Renegue teu pai, recuse o seu nome. Ou, se não quiser, jure ser o meu amor, e eu não serei mais uma Capuleto”.

Piazza Dei Signori: (no centro) a estátua de Dante Alighieri

Piazza dei Signori, vendo-se no centro a estátua de Dante Alighieri

Depois seguimos até a Piazza dei Signori, conhecida como a Piazza Dante. Existem muitos bares com mesas na rua, prédios magníficos com fachadas em afrescos e bancas com variedades de máscaras e souvenirs em volta da estátua do poeta e o artífice da língua italiana Dante Alighieri, autor de “A Divina Comédia”, que fica no centro da praça.

Bares e bancas em volta da estátua de Dante

Fachadas com afrescos e bares espalhados pela Piazza dei Signori

 

Estátua de Dante Alighieri: ponto privilegiado de observação

Estátua de Dante Alighieri: ponto privilegiado de observação

O melhor de tudo isso é você ficar sentado em uma das mesas ou até mesmo na base da estátua apreciando o movimento e saboreando um delicioso sorvete.

Textos e busto de Shakespeare

Textos e o busto de Shakespeare

No retorno, vi um busto de Shakespeare afixado no alto de uma parede e ao lado a placa com os seguintes dizeres em inglês e italiano:

“There is no world without Verona walls, but purgatory, torture, hell itself.                      

 Hence banished is banish’d from the world, and world’s exile is deadh:….”               

“Non esiste mondo fvor dalle mvro di Verona; ma solo pvrgatorio, tortvra, inferno.             

 Chi è bandito di qvi, É bandito dal mondo e l’esilo dal mondo è morte:….”

(Shakespeare, “Romeo and Jvliet”, atto III, Scena III).

Tradução em português:

“Não existe mundo além dos muros de Verona, mas só purgatório, tortura, inferno.

Quem é banido daqui, é banido do mundo e o exílio do mundo é a morte:…”

(Shakespeare, “Romeu e Julieta”, ato III, cena III).

 

 

 

 

Este blogueiro e "Tucunaré" na Galeria da Ferrari, em Maranello/Modena

Este blogueiro e "Tucunaré" no interior da Galeria da Ferrari

Como citei acima, a passagem por Modena foi muito rápida. Além disso, o tempo não ajudou muito. Estava frio e choveu o dia todo. Por conta do cancelamento do compromisso oficial com o prefeito de Modena, fomos direto para a casa de campo dos Diacca,  que fica na zona rural, ao lado do rio Secchia.

A recepção dos anfitriões foi excelente. Não tive problemas de comunicação com Davide, porque ele fala a nossa língua. Durante as nossas conversas, aquecidos pela lareira, fiquei sabendo que seu pai fez o projeto da pista de teste da Ferrari para um engenheiro que só colocou a assinatura na planta. No fundo da propriedade tem uma grande área, onde a sua família por mais de 50 anos cultivou uvas para fazer o típico vinho “Lambrusco”. E ele foi jogador profissional de basquete. Atualmente é treinador nacional (sua profissão) e responsável pelo setor “Jovem” para as sociedades de basket: “Boiardo Spes Scandiano” e “Basket  Rubiera”.

(E) Valter, projetista da pista de teste da Ferrari

(E) Valter, projetista da pista de teste da Ferrari

Recentemente Davide respendeu o meu e-mail complementando as informações: “(…) em 1992, com a Virtus “Knorr” Bologna, ganhamos o campeonato nacional. Com a seleção italiana júnior ganhamos a Medalha de Ouro no campeonato europeo em Grécia 1991 e a Medalha de Prata no campeonato europeo em Ungria 1992. (…) Agora eu estou “velhito” e jogo em terzera division no team “REBASKET”, Reggio Emilia. (…) Fui tres veces campeon de Italia “Jovem” com a Virtus Knorr Bologna.”

Foi Davide quem nos levou a casa da Ferrari, em Maranello. Imagine a minha sensação. Apesar da Fórmula 1 não ser mais a mesma para mim, depois de Ayrton Senna, no entanto não deixou de ser emocionante pisar no local da escuderia com maior número de vitórias, através do piloto alemão Michael Schumacher. A estrada de mão dupla vira uma avenida da cidade e logo você dá de cara com a fábrica e a galeria da Ferrari.

Ao descer no estacionamento próximo a pista de teste, ouvi o “ronco” de um dos motores dos carros. Volto a repetir: mesmo com a chuva muito forte a sensação de chegar lá é algo maravilhoso. Duas coisas marcaram esse sentimento. Primeiro, a curiosidade de olhar por uma brecha do alambrado e ver mais de perto o carro e o barulho do motor. Segundo, mesmo de longe, observar a passagem da equipe da Ferrari. Davide nos disse: “são mecânicos e engenheiros que se dirigem para almoçar no restaurante aqui próximo da fábrica”.

A riqueza de detalhes da galeria emociona qualquer um admirador da Ferrari. Em exposição nas vitrines souvenirs, produtos, cockpit etc. Com tantos produtos com a logo do cavalinho a vista, fica impossível resistir a tentação de comprar uma ou várias lembranças. De recordação trouxe na bagagem, além dos presentes, miniaturas de alguns modelos  para juntar à minha coleção de carrinhos. No mesmo espaço está exposto um acervo riquíssimo com as principais conquistas e títulos e pode ser visitada, desde que desembolse alguns euros. Não me recordo quanto paguei, mas aproveitei a oportunidade para conhecer tudo. No primeiro andar você encontra um cenário montado dedicado a Fórmula 1, com simulações de boxes, exposição de troféus originais, motores, históricos dos cockpits, enfim, tudo que envolve a participação da Ferrari na Fórmula 1. 

(E), Davide, Pietro Gallina, Tucunaré, Paranaguá, Carlos Soares e a mulher Adriana

(E), Davide, Pietro Gallina, Tucunaré, Paranaguá, Andréa e Carlos Soares

Outro momento marcante foi o almoço oferecido pelos anfitriões. A “mama” de Davide  preparou uma apetitosa lasanha à moda italiana, com carne moída e queijo bechamel, prato típico de Modena. “Che belo pranzo!” (em português, “Que gostoso almoço!”).

Continuamos a viagem no próximo post, passando por Reggio Emília e finalizando em Bolonha.

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