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PARANAGUÁ lança livro com um olhar para a Arte na Rua em SALVADOR

Acervo vivo da cultura baiana
ES , Salvador | 16/05/2017 às 17:24

Até no lixão nasce flor
Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça fizeram o fotógrafo e relações públicas José Francisco Paranaguá Guimarães viajar pelo universo infinito da arte urbana de Salvador. Com um olhar atento e refinado, Paranaguá catalogou por 37 anos entre a década de 80 e os tempos atuais, inúmeras imagens que retratam a arte dos grafiteiros por meio de suas pichações, grafites, estênceis, bombs, entre outras técnicas usadas em muros, paredes, tapumes, encostas, superfícies públicas e particulares que imprimem os mais profundos sentimentos. 
 
A obra “A Arte na Rua” é um verdadeiro acervo vivo da cultura da Bahia. Apesar dos imensos contrastes urbanos e sociais, nas últimas décadas, as ruas e espaços públicos da capital baiana tem se tornado um verdadeiro palco de variadas expressões e manifestações artísticas, abrangendo pichações e elaborados painéis grafitados, que transformaram Salvador num verdadeiro “museu a céu aberto”, além de um cenário privilegiado de interação social. 
 
As expressões artísticas estão expostas na nossa cidade, um grande reduto, que vai além do Axé, dos cantos, encantos, tradições culturais e religiosas. Como São Paulo, a terceira maior cidade do mundo, Salvador também se tornou especialista em lançar artistas dos mais diversos segmentos, a exemplo, do grafite, que através da junção de cores, traços e ideias, conseguem informar, entreter, protestar e também embelezar as avenidas. 
 
Hoje, depois de muito trabalho dos núcleos de grafite junto à sociedade, a ideia de transgressão vai sendo deixada para trás e o olhar artístico e de expressão livre chega para superar o antigo status e promover um impacto sociocultural. Diferentemente dos que ainda não refinaram o olhar para se sensibilizar com os poderes e com a magia transformadora da arte, alguns chefes do Executivo começaram a abrir as portas para o grafite, como foi o caso da Prefeitura de Salvador, no período do projeto “Salvador Grafita”, que contratou ex-pichadores e grafiteiros, oferecendo-lhes salários para embelezar a nossa cidade.
 
Registrar estas manifestações e os seus atores e protagonistas tem sido, há muitos anos, um trabalho cuidadoso e criterioso, desde o final da década de 80, ao garimpar registros de pichações e grafites, a partir dos rabiscos iniciais de pioneiros como Faustino, Badalação, ML (Muito Louco), Mancha, Grupoema, Kaos, BL (Boca Livre), depois ações de Pinel – um dos pichadores mais conhecidos da cidade -, e seus seguidores, até o panorama atual com crews de grafiteiros como Esquadrão de Grafiteiros de Salvador (EGS), Coletivo Nova10Ordem, Calangos, Oclan, Toque Feminino (TF), dentre outros, além de artistas renomados, a exemplo de Bel Borba, Leonel Mattos, Gustavo Moreno, Paulo Mello, etc.
 
Paranaguá, neste trabalho, além de apresentar um rico registro artístico e repleto de ilustrações e fotografias, traz também diversas entrevistas da galera, falando das suas inquietações, sonhos, anseios e motivações artísticas. Na sua maioria, ex-pichadores oriundos de bairros periféricos, que hoje, são talentosos grafiteiros com grande potencial e reputação, que precisam ser reconhecidos e valorizados pelas autoridades e instituições culturais do nosso estado. O livro é uma publicação da Editora Pinaúna. (Foto: JFParanaguá. Direitos reservados).
 

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