Giro pelo Recôncavo II

Grafites autorizados de Eder Muniz e TácioV próximos ao cais

Grafites autorizados de Eder Muniz e TácioV próximos ao cais

Recentemente estive na cidade de São Félix em busca de informações para o próximo artigo. Fiz o roteiro por Cachoeira, cruzando a ponte D. Pedro II sob o rio Paraguaçu. Mas, antes da travessia, caminhei pelo centro e arredores a procura de outras intervenções no imobiliário urbano (tapumes de obras, paredes e muros residencias e comerciais, dentre outros).

Mensagem de cunho político

Mensagem de cunho político

Nas minhas andanças só identifiquei os registros anteriores: um grafite e uma mensagem de cunho político.Talvez a inexistência de grafites seja por conta da proibição, já que a cidade é considerada “Monumento Nacional”. Depois de concluir a tarefa em São Félix dei uma esticada até Maragogipe para conhecer o Carnaval com influênças ibéricas e afro-indígenas, onde a grande maioria do folião sai fantasiada de careta. A festa é reconhecida e tombada como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia desde 2009, pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC. (Fotos: byJFParanaguá. Direitos reservados. Denuncie abusos).

Do Alto do Cruzeiro na Pitanga de Cima, uma vista parcial do rio Paraguaçu e das cidades de Cachoeira (à esq.) e São Félix

Do Alto do Cruzeiro na Pitanga de Cima, uma vista parcial do rio Paraguaçu e das cidades de Cachoeira (à esq.) e São Félix

Cachoeira está distante de Salvador cerca de 120 km. Dessa distância, 40 km são de Santo Amaro pela BA-422 até a entrada da cidade. No trajeto, ainda no limite de Santo Amaro, você passa pelo entroncamento das zonas rurais de Iguape e São Francisco do Paraguaçu, que pertencem a Cachoeira; depois por Murutuba; acesso do Hotel Fazenda Vila Rial; entroncamento para a localidade de Afligidos (Feira de Santana), conhecida pela famosa “Corrida de Jegues”  no mês de setembro e; o entroncamento para o distrito de Belém de Cachoeira, imediações do posto de combustível Lagoa Encantada. Daí em diante, por ser um longo trecho em declive, recomenda-se cautela aos motoristas. De uma parte da serra já se tem uma visão parcial da cidade encravada no vale com o belíssimo cenário de casários e cúpulas de igrejas.  Na entrada da cidade o pórtico com a mensagem de boas vindas: “Cidade Heróica e Monumento Nacional”.

Cachoeira e São Félix: encravadas no vale do Paraguaçu compartilham fatos históricos

Cachoeira e São Félix: encravadas no vale do Paraguaçu compartilham fatos históricos

O municipio de Cachoeira faz parte da microrregião de Santo Antonio de Jesus. É uma das cidades baianas que mais preservou a sua identidade cultural e histórica com o passar dos anos, tornando-se um dos principais roteiros turísticos do estado. Devido a imponência do seu casario barroco, igrejas e museus, a cidade alcançou o status de “Cidade Monumento Nacional” e o nome de “Cidade Heróica” pela participação decisiva nas lutas pela Independência do Brasil. Durante os séculos XVIII e XIX, Cachoeira viveu o seu maior apogeu, por conta do porto utilizado para escoamento de grande parte da produção agrícola do Recôncavo Baiano, sendo acuçar e fumo, os principais produtos até hoje produzidos no município. Encravadas no Vale do Paraguaçu, as cidades de Cachoeira e São Félix, compartilham momentos históricos. Os tupinambás foram os seus primeiros habitantes. Depois, chegaram à região os exploradores de madeira. Os fidalgos que se instalaram nas duas cidades ordenaram a construção de templos, casarios, engenhos e da igreja de Nossa Senhora D´Ajuda, em 1606.

Para conhecer bem a “Cidade Monumento Nacional”, é preciso ter muita disposição para caminhar, subir e descer ladeiras, além de percorrer áreas fora da cidade. Nos seus arredores, existem pontos que merecem ser visitados. Um deles é o Alto do Cruzeiro na Pitanga de Cima, de onde se tem uma visão panorâmica do rio Paraguaçu e as cidades de Cachoeira e São Félix debruçadas sobre suas margens.

Mercado Municipal

Mercado Municipal

Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte

Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte

Inicie a visita pelo Mercado Municipal (séc. XIX), depois siga em direção ao centro, observando a beleza arquitetônica das construções em estilo barroco e colonial datados dos séculos XVII, XVIII e XIX, tombados pelo IPHAN.

Hospital e Igreja Santa Casa da Misericórdia

Hospital e Igreja Santa Casa da Misericórdia

Chafariz Imperial

Chafariz Imperial

Cito alguns: Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte; Hospital e Igreja Santa Casa da Misericórdia (1734); Capela de Santa Bárbara; Chafariz Imperial (1827); Igreja Nossa Senhora da Ajuda; sobrado da Irmandade da Boa Morte, Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, construída entre os séculos XVII e XVIII; Prefeitura Municipal, Fundação Hansen Bahia, Casa da Câmara e ex-cadeia.

Igreja Nossa Senhora da Ajuda

Igreja Nossa Senhora da Ajuda

 

Sobrado Irmandade da Boa Morte

Sobrado Irmandade da Boa Morte

byJFParanaguá

Sede da Prefeitura

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário

No local funciona também o Museu e Galeria da Câmara Municipal Cândido da Silva Xavier, exímio ceramista de Cachoeira; Convento e igreja do Carmo. O calçamento em paralelepípedo está presente em toda cidade.

Câmara Municiapal e ex-cadeia

Câmara Municiapal e ex-cadeia

 

Convento e igreja do Carmo

Convento e igreja do Carmo

Além da importância histórico-política, a cidade também é palco de uma das principais manifestações do sincretismo religioso do país: a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte, que ocorre todos os anos no mês de agosto. O calendário da festa inclui missas e procissões representando o falecimento de Nossa Senhora e também apresentações do samba de roda. Este último, uma mistura de dança, poesia, música que é ligado ao culto dos orixás, que é considerado “Obra Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade” pela UNESCO.

Ponte D. Pedro II

Ponte D. Pedro II

A ponte de ferro, um dos principais cartões postais de Cachoeira, e a estação ferroviária foram construídos pela companhia inglesa Brazilian Central Railway Company, sendo na época um dos marcos da engenharia no país. A ponte foi inaugurada em 7 de julho de 1865 com o nome de Imperial Ponte D. Pedro II.

Estação ferroviária

Estação ferroviária

Medindo 365 metros de comprimento e nove metros de largura, sua estrutura é toda de ferro importado e com lastros e dormentes de madeira. Na época, a construção da ponte unindo Cachoeira e São Félix possibilitou a expansão do comércio de açúcar, fumo e outros produtos entre o litoral e o sertão, mercadorias até então transportadas via rio Paraguaçu.

Por medida de segurança os dormentes da ponte foram encobertos com placas resistentes, evitando danos aos veículos, além de melhorar a fluidez do tráfego. Ao cruzar a ponte (de carro ou a pé) no sentido de São Félix, observe à sua direita a ilha de Mata Onça e, mais à frente, nas montanhas, as comportas da barragem Pedra do Cavalo, principal manancial de abastecimento de Salvador e de algumas cidades do Recôncavo, inaugurada em 1985. A construção da barragem foi importante no controle das enchentes do rio Paraguaçu que inundavam as cidades de Cachoeira e São Félix com perdas irreparáveis. A mais trágica aconteceu em 1989.

O São João de Cachoeira é uma das festas mais tradicionais da Bahia. A cidade fica repleta de turistas. São cinco dias de muita folia e música. Quadrilhas juninas, fogueiras nas portas da maioria das casas de moradores, muitas barracas decoradas com comidas típicas, amendoim, milho e licores caseiros, famosos por terem sabores inusitados. Uma atração à parte é a feira com vários tipos de cerâmicas das cidades de Maragogipe e Nazaré, que acontece durante a festa. Outro destaque é a famosa maniçoba – prato que não é o da minha preferência-, de origem indígena, preparado à base de folhas de mandioca, carne suína e bovina, defumados e salgados e temperada com alho, sal, folhas de louro e pimenta.

Fachada da igreja da Vila de Belém

Fachada da igreja da Vila de Belém

Vista parcial do interior da igreja

Vista parcial do interior da igreja

A seis quilômetros da cidade está a Vila de Belém de Cachoeira, um pequeno povoado simples e humilde, que guarda um rico patrimônio cultural e histórico, em torno da grande praça com muitas casas e a igreja construída em 1866, cujo santuário é dedicado a Santo Antônio de Santana Galvão. Inúmeras caravanas e romarias têm visitado a vila, com perspectivas de tornar-se um grande centro de peregrinação. Antes dos festejos juninos o povoado recebe um grande de pessoas a procura do licor caseiro produzido com diversos sabores e de excelente qualidade.

Fachada da capela de Iguape

Fachada da capela de Iguape

Inclua na sua programação uma visita às zonas rurais de Iguape e São Francisco do Paraguaçu. Iguape é um lugarejo tranquilo. Durante anos funcionou no local a Opalma (Óleos de Palma S/A – Agro Industrial). Hoje só existe o prédio em ruínas.

Vista panorâmica do convento (em ruínas à esq.) e a igreja de Santo Antônio do Paraguaçu

Vista panorâmica do convento (em ruínas à esq.) e a igreja de Santo Antônio do Paraguaçu

Em primeiro plano, as escadarias; no centro, a base do cruzeiro; no fundo, a fachada da igreja

Em primeiro plano, as escadarias; no centro, a base do cruzeiro; no fundo, a fachada da igreja

Detalhes das máscaras esculpidas em baixo relevo na base do cruziero

Detalhe da máscara esculpida em baixo relevo na base do cruziero

 

Vista frontal da fachada com a torre recuada com terminação em cúpula

Vista frontal da fachada com a torre recuada com terminação em cúpula

Em São Francisco do Paraguaçu, lugarejo aprazível e de veraneio, encontram-se as ruínas do Convento de Santo Antônio de Paraguaçu, ladeado por uma igreja, que foram construídos pelos Frades Franciscanos no século XVII (1658 a 1686), localizados às margens da Baía de Iguape, no rio Paraguaçu.

À esquerda, Bar do Amor, de frente para o belo cenário do rio Paraguaçu

À esquerda, Bar do Amor, de frente para o belo cenário do rio Paraguaçu

No final do tour, o mais indicado é sentar-se no “Bar do Amor”, à margem do rio, degustar um dos deliciosos pratos preparados por dona Ana (proprietária do bar), e apreciar a bela paisagem a sua volta, saboreando uma cerveja bem gelada. As opções para chegar lá, são: seguir pelo acesso citado acima ou pelo rio, através de embarcações particulares ou em passeios de escunas programados por agências de turismo.

1 comment for “Giro pelo Recôncavo II

  1. paula
    19 de julho de 2013 at 08:21

    muiito obrigada estava precisando saber os pontos do rio paraguaçu para me utrabalho

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