Igaporã: festa junina é comemorada no dia de São Pedro

Homem-aranha: pintura de Alex e Elenilton

Homem-aranha: pintura de Alex e Elenilton

Desta vez o destino foi o município de Igaporã, Região Sudeste da Bahia, distante de Salvador 802 Km. Por conta do intenso tráfego de veículos pesados na rodovia BR-116, entre os trechos Feira de Santana/Vitória da Conquista, o percurso torna-se longo, cansativo e muito perigoso. Uma boa opção é encurtar o trajeto passando por Maracás. Além de diminuir a distância, a excelente malha rodoviária oferece mais tranqüilidade na viagem.

Logo após o Carnaval estive em Igaporã, acompanhando a equipe da arqueóloga Leila Almeida, durante os trabalhos de levantamento e resgate de maquinários artesanais antigos, cerâmicas, forno, telhas, dentre outras peças, existentes na área da Lagoa da Torta. No local, a Embasa está construindo uma barragem visando aumentar a oferta do abastecimento de água para a população.

Moenda de cana de açucar

Moenda de cana de açucar

Como de hábito fiz um giro pelas ruas da cidade à caça de intervenções urbanas dos artistas locais e pontos turísticos. Talvez pela proibição, não identifiquei nenhuma inscrição nos muros da cidade. Apenas um “picho” numa área afastada do centro e pinturas com spray no interior de uma lan house de autoria de Alex e Elenilton, residentes em Guanambi. De passagem por Caetité encontrei um bomb autorizado, assinado por Cerpa.

Grafite autorizado em Caetité

Grafite autorizado em Caetité

Igaporã e sua história

Longa disputa judicial marcou a emancipação deste município de Caetité. Por força da Lei 2308 de 1º de setembro de 1960, restaurou-se a independência de Igaporã. A data oficial é comemorada em 1º de setembro, por força da Lei nº 01/1985 de autoria do então vereador Lucílio Fagundes Neves.

Igaporã em tupi-guarani significa “Água Bela”. O município está encostado na Chapada Diamantina, tem limítrofes com os municípios de Macaúbas, Guanambi, Palmas de Monte Alto, Tanque Novo, Caetité, Matina e Riacho de Santana. Sua economia é basicamente da produção agrícola, uma cultura de subsistência onde o produtor planta de tudo.

Pontos turísticos

Diferente de outras cidades, a festa junina é comemorada no São Pedro, entre os dias 27 a 29 de junho na Praça do Forró. Pessoas de várias regiões do Estado prestigiam o evento considerado uma das maiores manifestações da cidade. Destacam-se a escultura de Cristo no ponto mais alto da cidade, o Centro de Cultura, a casa grande da Praça da Igreja, a Igreja da Matriz, construção de 1871, além das casas antigas. Outro destaque histórico é a casa de pedra da Fazenda Santo Antonio construída pelo Fidalgo Bernardo Brito, que segundo relatos deu origem ao município.

Igreja da Matriz

Igreja da Matriz

Casa de pedra e artesanato

Um encontro casual em uma lanchonete com o jovem Adailton Silva Prates, filho de Igaporã e amigo do fazendeiro proprietário da antiga residência garantiu o acesso as dependências do imóvel. A primeira vista a fachada dá a impressão de ser uma fortaleza medieval. Várias pedras superpostas formam um extraordinário mosaico. Outro aspecto são as enormes janelas e a porta principal de madeira maciça. Já as paredes laterais e no fundo foram usados blocos retangulares de argila.

Casa de Pedra Fazenda Santo Antonio

Casa de Pedra Fazenda Santo Antonio

No interior do imóvel é lastimável o estado em que se encontram as paredes dos cômodos internos (inferior e superior). Os visitantes que passaram por lá, no intuito de registrar a presença (recordo-me que na casa de Romeu e Julieta, em Verona, na Itália, são utilizados canetas e colagens), usaram instrumentos cortantes, gravando nomes, mensagens e símbolos. Provavelmente, em virtude dos atos de vandalismos, o proprietário decidiu suspender a visitação. 

 

Carlos Teixeira, o titular deste blog e Valda Brito

Carlos Teixeira, o titular deste blog e Valda Brito

Em companhia da professora e diretora de Cultura da secretária municipal de Educação, Valda Fernandes de Brito, visitei os artesãos Carlos Fernandes Teixeira, 88, e Augusta Maria Alves dos Santos, 60. Ambos nasceram em Igaporã. Carlos Teixeira trabalha com miniaturas feitas em madeira e empalhamento de animais. As peças, cada uma mais ricas em detalhes, estão expostas em vários pontos da casa. Nenhuma peça está à venda. Augusta Santos trabalha com cerâmica de barro feita à mão. Ela aprendeu com sua mãe a arte de preparar e moldar potes, vasos, moringas, etc. Ela, no entanto, comercializa as cerâmicas, garantindo a subsistência da família.

2 comments for “Igaporã: festa junina é comemorada no dia de São Pedro

  1. Sônia Maria Brandão
    12 de novembro de 2011 at 19:31

    Conheço bem a região e já passei muito por esta estrada que liga a BR 116 a Brumado, livrando-nos do tráfego intenso Vit. da Conquista/Feira de Santana.
    Vivi muito a região Sudoeste – Brumado/Bom Jesus da Lapa. Festa de Senhora Santana (Caetité); São João (no São Pedro) de Igaporã, danado de bom e as belezas, riquezas e atrativos característicos de lá.
    Adorei a matéria. Muita coisa dita e muitas fotografias postados por você, são bem familiares.
    Abraços.

  2. 19 de julho de 2010 at 15:03

    Prezado JFParanaguá, sou neto de Carlos Teixeira, artesão fotografado por você. Faço um trabalho de pesquisa sobre a história de Igaporã, envolvendo todas as fontes disponíveis. Se possível, me envie as fotografias tiradas em Igaporã, pois percebo que o seu material é de grande importância para a nossa pesquisa.

    Grato.

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