Viagem a Recife: trabalho, cultura e lazer

(À direita) Mostro a personagem da grafiteira Mônica na parte antiga da cidade do Recife

(À direita) Mostro a personagem da grafiteira Mônica na parte antiga da cidade do Recife

No mês de setembro estive em Recife a serviço com o meu colega e amigo Fábio Souza. A viagem foi muito proveitosa por dois aspectos: o sucesso do nosso trabalho e a oportunidade de conhecermos belíssimos lugares. Aproveitamos cada minuto livre. De posse de um mapa turístico e das dicas sugeridas pelos amigos recifenses Fábio e Liliane Medeiros da Porto Fino, Mariana, Pollyana e Izabel, definimos a programação de visitas. Incluir também no roteiro a garimpagem das manifestações urbanas (grafites, bombs, dentre outros) dos artistas locais e de outras cidades, a exemplo dos conterrâneos Pinel e Mônica.

(Fotos: byJFParanaguá e Fábio Souza. Denuncie abusos. Direitos reservados)

Optamos pelo Instituto Ricardo Brennand (mais adiante revelo detalhes desse maravilhoso local) e o city tour. Contratar um guia ou fazer um city é a melhor maneira de enriquecer mais a viagem. Embarcamos próximo à praia da Boa Viagem. O guia, figura divertida e falante, desdobrava-se em mostrar seus conhecimentos ao grupo. Passamos pelo Forte das Cinco Pontas, edificado pelos holandeses no século XVII, com o objetivo de garantir o suprimento de água potável à população e impedir a circulação dos navios inimigos pelo rio Capibaribe. Cruzamos diversas pontes. Aliás, Recife é considerada a Veneza brasileira. Mostrou-nos a área onde estão as palafitas. Lembrei-me de Salvador. O governo do estado, através da Conder – Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região Metropolitana de Salvador, está executando obras de urbanização integrada na área para construção de moradias populares com a finalidade de transferir os moradores e erradificar as palafitas.
Primeira parada: Praça do Marco Zero, ponto inicial onde Recife começa. Bem no centro da praça está o painel “A Rosa dos Ventos” do artista Cícero Dias. Desse local se contempla referências culturais remanescentes do século 16 ao 19 como a arquitetura civil, militar e religiosa; Parque de Esculturas, do artista Francisco Brennand, sobre o molhe do Porto. Depois fizemos um percurso a pé pela parte histórica da cidade, seguindo pela Rua do Bom Jesus, chamada no tempo de ocupação flamenga (século 16) “Rua dos Judeus” e a Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas; casarios antigos; estátuas de pessoas ilustres; museu arqueológico a céu aberto; Embaixada dos Bonecos Gigantes, com a exposição permanente desses símbolos do Carnaval Pernambucano. Lá estavam astros da música, autoridades, intelectuais, craques do futebol, a exemplo de Michael Jackson, Alceu Valença, Chacrinha, Ariano Suassuna, Pelé, entre outros.
Em seguida, partimos com destino a Olinda. O guia passou as funções para um jovem (guia mirim) integrante de uma instituição parceira da empresa de turismo. Também falante, ele explicou que o mito popular diz que o nome Olinda teria origem numa suposta exclamação do donatário Duarte Coelho: “Oh linda situação para se construir uma vila”. De forma rimada e muito engraçada contou toda a história da cidade. Olinda é encantadora, muitos ateliês, galerias e museus, bons restaurantes, bares e hotéis, além de ser reconhecida pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade e berço da cultura brasileira.
Conhecemos o Mercado da Ribeira, o Mirante do Alto da Sé, o Museu Arte Sacra, a casa do cantor Alceu Valença, o casarão onde viveu Maurício de Nassau. O circuito das igrejas merece um destaque especial. Existem inúmeras delas. A Catedral de São Pedro é uma das mais freqüentadas.
Hora do almoço. Não recordo o tempo livre que o guia nos deu. Mais foi o suficiente para dar um rolê pelo Centro Histórico, caminhar pelas ruas estreitas e ladeiras (é preciso ter disposição física para subir e descer essas ruas e ladeiras em dias de sol forte); observar a organização e limpeza das ruas; as casas conservadas (na época do Carnaval os moradores alugam para os turistas, variando de 3 a 5 mil reais), as calçadas bem cuidadas. Confesso que fiquei triste com o quadro atual do Centro Histórico da minha cidade, apesar das iniciativas de melhorias do governo municipal e estadual. Ainda precisa ser feito muito coisa. Depois de degustarmos um saboroso buffet no Due Restaurante, desfrutando do belíssimo panorama da cidade, ainda deu tempo de comprar umas lembranças na feira de artesanato.
No retorno para Recife, o guia ocupou o seu posto. Durante o trajeto ele fez alguns sorteios de brindes oferecidos pelos comerciantes de Olinda. Eu fui um dos felizardos. A Casa da Cultura foi a última parada do city tour. Instalada no prédio do século 19 onde funcionou a antiga Casa de Detenção do Recife até a década de 70. Reinaugurada após passar por uma reforma estrutural mantendo as características, transformou-se num importante espaço comercial e cultural. Em cada uma das celas (a numeração continua original) funciona uma loja com artesanato regional ou restaurante com comida típica. A exposição da Fátima Rendas é algo fantástico. Tive o privilégio de ser atendido pela simpática e gentil proprietária do estabelecimento e principal criadora dos modelos, além de pousar ao seu lado. Claro que comprei uma linda peça para minha mulher.
O Memorial Arco Verde/Espaço Ciência e o Instituto Brennand foram roteiros fora do city tour. Aconteceu um fato interessante no Espaço Ciência, que funciona como um museu interativo de Tecnologia, Meio Ambiente e divulgação científica. O horário não era de visitação, mesmo assim, fomos privilegiados com uma visita guiada por um simpático e atencioso preposto da Polícia Militar que estava a serviço. Ele fez todo o percurso explicando com detalhes o belo cenário formado por um espelho d’água, a hidroelétrica gerando energia, o planetário, a caverna misteriosa, o giroscópio, o gigantesco vulcão, dentre outros experimentos que estão à vista. Na trilha ecológica, margeando o manguezal, tem uma área onde está o veículo Ford, modelo Galaxie, que pertenceu ao saudoso cantor pernambucano Chico Science, doado pela família ao Memorial Arco Verde.
O Instituto Ricardo Brennand é fascinante. O seu idealizador procurou se voltar à preservação da arte e cultura, com ênfase no período “Brasil Holandês”. Na chegada você se depara com a perspectiva formada pelas palmeiras imperial e a torre de entrada originária da França. É um complexo formado por um castelo, pinacoteca e biblioteca em estilo medieval gótico, rodeado pela Mata Atlântica, jardins recortados por lagos, esculturas e diversas obras de arte.O Castelo/museu abriga a mais importante coleção de armaria do Brasil (canivetes, estiletes, adagas, clavas, lanças e espadas). Armas para caça e guerra das mais diversas origens e períodos. Chama atenção a coleção de armaduras, com destaque para o conjunto de cavalo-cavaleiro-com-armadura, do século XVI. Além dos quadros; tapeçarias; esculturas clássicas; vitrais; pinturas; belos exemplares de mobiliário gótico e outras curiosidades. A biblioteca possui uma seção de cartografia e gravuras e uma coleção de mais de 20 mil exemplares, com enfoque especial para o período Brasil-Holandês. Em um dia não dá para conhecer tudo. Mas valeu à pena.
Não comentei sobre as praias. Considero a faixa litorânea de Salvador mais bonita. Perdemos em relação à organização das barracas. Também tomei conhecimento de algumas peculiaridades do Recife, por exemplo: a de não poder entrar na praia por causa dos tubarões. Bem, o que observei não condiz com a realidade. Vi muita gente tomando banho de mar. Aqui pra nós, eu respeitei as placas de advertência e contive o desejo de dar um mergulho após as caminhadas matinais.

2 comments for “Viagem a Recife: trabalho, cultura e lazer

  1. 7 de janeiro de 2010 at 18:50

    Caramba! Nao imagina a sensação de ver que ainda meus trabalhos
    estão lá, e o respeito que a galera recifense tem por nós!
    Também quero dar parabéns a você um cara que vai longe buscar esse grande sonho que é o de resgistrar e imortalizar as obras de vários artistas no Brasil e no mundo.
    Feliz Ano Novo pra você e familia.
    Apareça, você está meio sumido!
    Paz!

  2. luciene pimentel
    4 de janeiro de 2010 at 21:41

    Olá Parana!!!
    Que bom começar 2010 viajando com você. Adorei!!!
    Desejo que seu ano seja lindo, cheio de realizações e viagens é claro.
    Bjs,
    Lu

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